Por Mario Mele | Imagens Arquivo Pessoal
É POSSÍVEL ENVELHECER com inteligência. Na verdade, “A sabedoria só vem com o tempo”, diriam os mais velhos – e também estudiosos como o neurocientista russo Elkhonon Goldberg. Em seu livro O Paradoxo da Sabedoria, Goldberg aborda o envelhecimento da mente através de uma perspectiva positiva. “Apesar de ser visto como um período de declínio, ele pode trazer novas e poderosas habilidades”, garante o autor, que poderia muito bem ter utilizado a corredora norte-americana Pam Reed como exemplo.
Aos 60 anos, Pam parece cada vez mais revigorada para ir mais longe e mais rápido – sim, ela ainda pretende bater recordes pessoais. Em fevereiro, em comemoração ao seu 60º aniversário, ela correu a 100ª prova de 100 milhas (160 km) da carreira – uma marca impressionante.
Pam é hoje uma atleta lendária, que começou a colecionar fãs depois de vencer – na classificação geral, por dois anos consecutivos (2002 e 2003) – a duríssima ultramaratona Badwater 135. A Badwater é conhecida como a “prova de corrida mais difícil do mundo”: um desafio de 217 km, começando no Vale da Morte (Califórnia), abaixo do nível do mar, e terminando nos 2.548 m de altitude, em Whitney Portal. A competição acontece sempre em julho, quando as temperaturas naquela região passam dos 50°C.
Atualmente, Pam continua se dedicando às longas distâncias e aos grandes desafios. Em maio, ela completou a Cocodona 250 , uma competição que corta 413 km do estado do Arizona, nos EUA. O desafio foi cumprido em 108 horas (4 dias e meio).
Certamente, todos temos muito o que aprender com a poderosa Pam Reed. Recentemente, em uma entrevista para a revista Women ‘s Running, ela revelou algumas posturas que adota e que a têm ajudado a se manter no jogo até hoje. Separamos algumas dessas dicas a seguir, esperando que sirvam de inspiração e nos ajudem a encontrar motivos para seguirmos sempre em frente.
Se você é uma pessoa competitiva, é difícil conseguir diminuir o ritmo para proteger o seu corpo. No entanto, como alguém que já sofreu muito com lesões durante a carreira, Pam hoje tem a receita. “Percebi que, se você for mais devagar, poderá terminar as provas com menos dificuldade e se recuperar mais rápido”, garante.
Geralmente, corredores lesionados tendem a tirar uma folga das atividades durante a fase de reabilitação. Para Pam, porém, atividades como ioga, natação, ciclismo e esqui cross-country a ajudam a não ficar completamente parada. “Apenas continue se movimentando, de alguma forma”, recomenda.
Para Pam, ter um mantra e repeti-lo a si mesmo nos momentos mais difíceis tem a ver com gratidão. Quando ela sofre e precisa lutar para se manter em uma corrida, ela simplesmente agradece pela capacidade de poder mover o seu corpo. Isso é o que lhe dá forças naquele momento. “Apenas seja grato”, resume.
Como pioneira em diversas ultramaratonas, Pam conta que teve que vencer, antes de tudo, discursos que tentavam fazê-la desistir de competir. “Você vai morrer”, ela chegou a escutar antes de largar na Badwater, por exemplo. Também teve que ultrapassar e vencer as pressões sociais. “Assim que tive um filho, tive culpa”, diz ela, que é mãe de três adultos, além de ser avó. Pam lembra que já acordou às 4 da manhã para correr antes de a família acordar, e também encontrou maneiras de incluir os filhos nos treinos. Quando eles eram bebês, por exemplo, os levava empurrando em um carrinho. “Não desista de correr, nós precisamos de uma atividade física, e as crianças passarão a vê-la como um exemplo”, garante.
Como alguém que já sofreu de depressão, Pam diz que precisa trabalhar continuamente o lado psicológico para se manter saudável. E incentiva mulheres que estejam travando uma batalha mental a estender a mão e pedir ajuda. “Fale abertamente com alguém em quem você realmente confia”, aconselha. “Pôr para fora algo ruim que você está sentindo é muito melhor do que mantê-lo guardado, em segredo. ”