

É possível arriscar dizer que as melhores lembranças de viagens envolvem a gastronomia: o restaurante no qual se viveu um momento memorável, o vinho que brindou um momento importante, ou a cerveja que selou novas amizades. Os aromas, os sabores e as cores das comidas estão diretamente ligados à experiência de viajar e têm um lugar tão destacado quanto outros atrativos, como museus e castelos. Por isso, ganhou um termo especial para designá-lo: o turismo gastronômico.
Quer saber por que é que essa atividade encanta os viajantes? Então confira o que vem a ser essa tendência mundial e prepare-se para conhecer os países que querem seduzi-lo pelo estômago!
A antropóloga Janine Collaço descreve o lugar que a comida tem nas vivências de uma viagem. Ela diz que uma nova culinária faz parte da construção das memórias sobre a experiência do viajante, e ainda é uma forma de entrar em contato direto com aquilo que difere a cultura do outro da sua. Segundo Collaço, a comida é capaz de materializar códigos culturais de forma bastante habilidosa.
Ao buscar as essências de uma cultura, os olhos — e a boca — se voltam para procurar aquilo que figura como original e autêntico. Sendo assim, em se tratando de turismo gastronômico, aquilo que antes era considerado rústico e primitivo agora ganha novos significados. A “cozinha regional”, por ser entendida como algo verdadeiro, original e até romântico, hoje representa identidades e heranças culturais.
Foi por isso que surgiram conceitos como terroir, palavra francesa que designa uma região produtora de alimentos típicos e únicos, resultantes de suas especificidades climáticas e de solo. Os terroirs representam aquilo que há de mais original em um local e são extremamente reverenciados por atribuírem valor e verdade à experiência gastronômica de um lugar.

A comida italiana, em qualquer região, é muito especial. Sejam as massas, risotos, pizzas, pães ou doces, como o sensacional gelato italiano ou o delicioso tiramisù. Isso sem falar nos vinhos — o Brunello, da região da Toscana, é um dos mais famosos do planeta.
Os italianos dizem que o segredo de uma culinária de primeira são os ingredientes da mais alta qualidade. E o segredo para aproveitar isso tudo é se entregar à experiência. Quilos a mais? Deixe para pensar nisso depois. Em último caso, faça como a personagem de Julia Roberts no filme Comer, Rezar e Amar: compre uma calça jeans de um número maior.

Se há bons ingredientes, a gastronomia se garante. As bases variam de região para região, mas pode apostar que os sabores são construídos com os melhores queijos, cogumelos, carnes, verduras e legumes. E, voilà! A culinária francesa transforma tudo em maravilhosos pratos como coq au vin, boeuf bourguignon, foie gras, profiteroles e crème brûlée. Um adendo especial: degustar um típico prato francês merece um cenário à altura, como um charmoso bistrô ou brasserie, acompanhado de um de seus inigualáveis vinhos — ou do legítimo champagne.

A Croácia, após a guerra da independência (que durou de 1990 até 1995), engajou-se num sério projeto de revitalização econômica, que tem como uma das bases o turismo. Isso ocasionou uma intensa revitalização das culinárias regionais do país.
Curioso quanto ao que se come por lá? Saiba que os croatas são donos de uma diversidade gastronômica tão rica quanto suas paisagens. Ostras e outros frutos do mar são bem típicos da costa Dalmácia. Um dos pratos famosos é o risoto negro, tingido com tinta de lula.
Ístria, no interior, é dona do título de terceiro maior território de trufas do mundo. Na Eslavônia, há um festival dedicado ao apimentado kulen, uma salsicha defumada e temperada com páprica. Mais uma surpresa? A Croácia ainda vem ganhando destaque pelas suas excelentes vinícolas.
Uma culinária marcante se faz com abundância de matéria prima, certo? Nem sempre. Há quem crie saídas saborosas também na escassez. Esse é o caso dos japoneses. Quatro ilhas compõem a região, e isso é o que explica o uso de peixes e frutos do mar como base da sua alimentação.
Uma refeição tradicional japonesa tem o arroz branco como seu protagonista — peixes, carnes, legumes e conservas são considerados seus acompanhamentos. O alimento não é típico da região, mas hoje constitui sua principal base.
Muna-se com seus hashis (os simpáticos e complicados palitinhos) para cair de boca em iguarias como os famosos sushis e sashimis. Também há pratos quentes como o gyudon (a popular carne bovina com molho agridoce sobre arroz) ou o Lamen (macarrão com ervas legumes, molho de peixe ou manteiga).

O segredo está na diversidade de pimentas, batatas, milho, peixes e outros ingredientes que só se encontra com facilidade por lá, como a carne de lhama.
Encante-se pelos ceviches (prato que já tem título de patrimônio cultural do Peru), o pollo a la brasa (prato mais consumido no país) ou olluquito con charqui (olluco é uma batata que só cresce nos Andes, e o charque é de lhama ou alpaca, animais que só existem no país).
Gostou de se aventurar com o turismo gastronômico e quer continuar escolhendo os mais incríveis cenários para degustar sua próxima viagem? Confira mais 11 lugares para viajar que você não pode perder de vista!