Por Mario Mele | Imagens Victor Affaro
Com o fim da pandemia — e todo mundo vacinado — um desejo será comum a pelo menos 99,9% das pessoas deste planeta: viajar. Quem no último ano não postou um #TBT para relembrar de alguma viagem, ou quem não vê a hora de embarcar para o próximo destino planejado?
Pois é, “depois que tudo isso passar”, o “novo normal” promete vir acompanhado de práticas mais conscientes, e não apenas na esfera ambiental. Pelo menos este é o objetivo dos geotravelers, ou os adeptos do geoturismo. Este conceito de viagem visa criar uma “parceria” entre os viajantes e as pessoas locais de um destino, sempre pensando no bem-estar de todos. Um geotraveler, por exemplo, incorpora a consciência ambiental de um viajante eco-friendly, mas vai além: ele viabiliza uma relação que, mais do que ajudar a preservar lugares preciosos, abre novas oportunidades de viagens pelo mundo.
A seguir, então, mostramos o passo a passo para você se tornar um geotraveler já na sua próxima viagem:
Vá na “contramão”: Em sua pesquisa online, leia blogs e dicas de outros viajantes e de pessoas que moram naquele destino para saber sobre opções de hospedagem, gastronomia, artesanato e passeios locais menos explorados. Pense “ao contrário”, e dê preferência para locais mais vazios e pouco procurados. Por exemplo, se é o norte da ilha que bomba, siga para o sul. Evitar a alta temporada também é uma ótima ideia para não competir por vagas em hotéis e restaurantes, além de ter mais chances de interagir com a população local.
Questione: Um geotraveler tem consciência ambiental. Por isso, antes de fechar uma reserva, questione a gerência para saber se o hotel recicla o seu lixo e se é abastecido da produção local, descobrir como ele lida com as águas residuais, se tem programas de responsabilidade com o meio ambiente e com a população local.
Seja um voluntário: Considere ajudar de algum jeito. Há ONGs e outras organizações locais que costumam recrutar visitantes para colaborar nos mais diversos projetos, desde a construção de casas populares até cuidados com animais resgatados.
Viva a cultura local: Se puder, planeje a data de sua viagem para coincidir com alguma celebração local, como um festival que acontece todo ano. Esses eventos costumam arrecadar dinheiro que ficam naquela comunidade.
Leia: Um bom livro pode te ajudar a se aprofundar na história do seu destino, e isso tornará a sua viagem mais rica. Aprender frases, gírias, etc., também facilitará a comunicação.
Vá leve: Pense que uma viagem autossuficiente começa pelo fato de você conseguir carregar toda a sua bagagem sozinho. Leve uma mochila, que será útil tanto para você fazer compras quanto em uma aventura de um dia.
Vista-se corretamente: No calor, o ideal é ter roupas com tecidos leves e respiráveis. Calças e blusas de manga comprida podem ser úteis contra mosquitos. No frio, pense em vestir-se em camadas, ao invés de carregar um casaco pesado. Uma camada de lã intermediária e uma jaqueta impermeável, com capuz, são quase sempre imprescindíveis. Um par de tênis bom para caminhadas, de secagem rápida, também é sempre bem-vindo.
Pense pequeno: As maiores experiências estão onde menos se espera. Em um hotel com seis quartos, por exemplo, quase sempre você fala diretamente com o proprietário. Um restaurante com não mais do que oito mesas, provavelmente serve refeições preparadas com alimentos comprados no mercado daquele bairro.
Entre na moda: Vista-se como a população local, mas não finja ser um nativo. Roupas típicas dizem muito sobre um povo, refletindo seus princípios, crenças e valores. E até mesmo em lugares onde a “moda local” é bem estabelecida, como em Cusco, no Peru, há sempre lugares onde são encontradas roupas feitas por designers locais da nova geração, que trazem uma nova proposta de inovação sem comprometer a essência.
Tenha modos: Ao visitar um sítio arqueológico ou um prédio antigo, por exemplo, não saia tocando em tudo. Você pode estar colaborando para o desgaste de uma pintura rupestre agindo dessa forma. Trate esses locais como verdadeiros museus que são. Em locais sagrados, fale baixo e use a câmera somente quando for permitido — faço isso discretamente. Nas comunidades locais, seja discreto e respeite a privacidade das pessoas. Não fique espiando dentro das casas se não for convidado, nem passe a mão na cabeça das crianças.
Pense localmente: Procure por artesanatos e lembranças em pequenas lojas. Quanto menor a distância entre você e o produtor, mais dinheiro vai para o bolso do artesão. Mesmo assim, invista na qualidade, certificando-se de que aquele produto é autêntico e sobre os materiais utilizados.
Escolha os guias certos: Contratar guias locais incentiva o compromisso da comunidade com a preservação daquele local.
Utilize meios de transporte locais: Em um ônibus, você estará mais próximo da população e dos costumes locais. Dessa forma, terá mais oportunidade para interagir com as pessoas e conhecer a fundo sobre a cultura e os costumes.
Vá a pé ou de bicicleta: Esses modais te levam a conhecer verdadeiramente um destino. Saia das ruas principais e siga por vias paralelas. Se vias fluviais ou marítimas forem uma opção, alugue uma canoa ou um caiaque para ficar mais próximo da população local.
Sempre atento: Procure se informar sobre o grau de segurança das áreas que deseja visitar e considere contratar um guia local para conhecer áreas remotas, principalmente à noite. Mantenha sua câmera e objetos de valor protegidos, numa mochila discreta, por exemplo.
Avalie os lugares: Depois de desfazer as malas, reserve um tempo para dar crédito a quem merece. Avalie hotéis, restaurantes e outros lugares por onde passou. Também não se acanhe em escrever e-mails aos proprietários dos hotéis e aos guias que merecem um agradecimento especial.
Fale a quem puder: Seja um embaixador do “geoturismo”: conte a amigos e familiares sobre sua experiência de geotraveler. Descreva detalhes de como conheceu lugares e pessoas ao longo de sua jornada. Incentive todos a proteger esses lugares e ajudar pessoas a partir da próxima viagem.